permita-me de pé

Posted by Ramon S Rosa | Posted in | Posted on 17:08

0

estou jogado às moscas assistindo ao filme passar. Revezo, aqui acolá à poltrona que traga um mínimo conforto ao dramalhão pouco bilhetado - um fracasso de sessão.  Acompanho as chineladas com meu amado gosto e enérgico gozo da cafeína no sistema, enquanto o protagonista agoniza na mornidão ociosa sequelada da dramática obra demodê da década de 90. Assintomático. Nisso, rodeio entre dissoluções aos dilemas mais elementares da existência intelectual, reproduzindo os preconceitos politizadores e polarizadores do contexto a que escrevo e a quem escrevo - espero.
Permita-me o sofá.
Há tantos detalhes a serem esmiuçados! O cobertor não me esquenta mais, talvez precise de meias novas, e essa calça já nem me cabe. Estou jogado às moscas, por aqui elas são insistentes. Deveria ao menos aprender com elas. Já aprendi. O filme alonga-se em noites, dias de sol chuvosos, e corre alguns quilômetros à frente! Às vezes vale a pena. Quase sempre. Mas é um fracasso de bilheteria. Que bom que o é. Sessões em cinema, holofotes, duram pouco tempo… o filme não parece acabar logo. Esse café está deliciosamente amargo. É corrida que me falta.
Na certa as moscas riem umas para outras enquanto me apodrecem no toque - mal sabe ele, mal sabe ele, mau! - na certa tramam para o fim do filme, na certa se contorcem de gozo.
Permita-me de pé.

Comments Posted (0)