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Ramon S Rosa
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15:27
É, eu estou
Esperando pelo dia a ver
Retornando de te conhecer
Volta e meia de nosso bem viver
É, hoje eu sou
No mesmo andar que me construí
o meu pedaço que não dividi
dado ao ponto de te sentir
É, você me disse que não ia dizer
Dos modos e defeitos que eu perceber
Você me disse que não há sossego
É, nos encontramos linha a linha só para falar
Medos tantos que eu não pude enxergar
A boa parte que eu teria ao te encontrar
É, e o que poderiamos nos tornar?
Por qual ótico vamos nos ver?
Em qual lado vamos nos encostar?
De que perfil deixaremos acontecer?
R.S Rosa
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Ramon S Rosa
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16:08
Não me tenho jeito
Estou sujeito às minhas alterações
Aos meus adjetivos e bordões
Preindicado por acusações
Sou assim. Um sujeito ocultado.
Escondido bem ao lado
Daquilo que indica o meu modo, meu tempo e minhas ações.
É. Não farei mais ligação
Me reservo no direito de não me fazer alteração.
Não sou solitário, não vivo numa posição
Sou preposicionado como alguém dedicado
Em uma carapaça de educado.
E eu a posto, da forma que lhe convir, que vivo o oposto,
O oposto daquilo que você quer ouvir.
Pro nome que dei a tudo isso,
Esse que sinto , que vivo e digo,
Pra ele dou a honra de me nomear.
Mas como indicar o que sinto?
Nomes não me preenchem,
Não dizem o que eles mesmos sentem.
Eles mentem. Intransitivamente.
Insisto? Não me tenho, sou apenas um sujeito
Acompanhado de meu único predicado:
Eu desisto.
R.S Rosa
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Ramon S Rosa
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15:15
Não vou tocar por tocar
Me recuso a ser diferente
De olhar displicente
De estar descontente
Eu me recuso a ser por ser
Me recuso a não querer
Eu me declino daquilo que sobra
Me refaço em meus feitos
Vivo a cada minuto por horas
Transformo tormentos em conceitos
E é aqui que escondo meu discurso
Minha paráfrase, meu curso
A direção que sigo
Que tento, não consigo.
Sou eu quem me descrevo paradoxalmente
Sou eu quem sente saudade de mim
Que vejo meus olhos no espelho
Que me sustento em meus próprios conselhos
Sou eu, aqui, quem se recusa em se convencer
Que se recusa em não viver por viver
Sou eu que, não conseguindo, consegue
Não percebendo, percebe.
Sou eu quem quer ser aquele vive
E existe.
R.S Rosa
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Ramon S Rosa
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10:07
Segure-se que a terra balança
o povo grita daqui
a mãe chora de lá
o filho se cala para sempre
e todos, todos falam por falar
Segure onde puder, estamos tremendo
nossa casa esta caindo
nosso dinheiro desaparecendo
nosso chão sucumbindo
nossas festas animadas
nossas ruas alargadas
nossos carros sendo pagos
nossa felicidade contada.
Segure onde der, onde quiser
nosso dever está cumprido
nosso coração divido
nossa permissão caçada
nossa alma armada
nossa pretensão desnorteada
Segure porque o povo grita
o povo se irrita, o povo irrita
o povo ama, mata e imita
O povo cai, levanta e dança
Segure-se que a terra balança
R.S Rosa
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Ramon S Rosa
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09:23
Papel e caneta, eu vou escrever
hoje acordei meio poeta, meio clichê
vou falar que amo, falar que desamo
vou chorar, me alegrar e pensar em você
Um lenço por favor, estou chorando
são tantas as tragédias, me sinto desumano
a tv da minha sala é tão pequena pra enxergar
preciso de uma maior pra mais tragédias englobar
Guarde suas moedas, eles não a merecem
vivem nas ruas e com sua aparência a empobrecem
não sustente seus vícios nem sua pobreza
são assim porque querem, por falta de gentileza
E não seja gentil, por favor
não me obrigue a guardar rancor
porque eu não faço por querer, sou obrigado faze-lo
conviver por conviver, é melhor esquece-lo
R.S Rosa
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Ramon S Rosa
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14:37
Um vento
Num quarto
Fechado
Ao lado
De um quarto
Vazio
Fechado
Frio, o vento
No ar
Ao lado
Vazio
Num quarto
Vazio
Fechado
R.S.Rosa
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Ramon S Rosa
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14:37
Não disse-me
Não olhei-me
Não quis-me
Não sou-me
Nem posso-te
Nem vou-te
Nem sonho-te
Nem ti...
R.S Rosa